terça-feira, 31 de agosto de 2010


E estar contigo mesmo em silêncio

Preenche todo o vazio das palavras que me fogem

domingo, 15 de agosto de 2010

Deixe a fumaça impregnar


O que importa na verdade? Somos o que somos, queremos, pensamos, adquirimos. Influências, livros que lemos, filmes que vemos e principalmente a maneira como absorvemos tudo isso. Passamos, conhecemos centenas de pessoas, seus hábitos, manias, gestos. Amamos, odiamos, nos deixamos levar por pequenas coisas, desvios.

Vaidade, isso mesmo, talvez essa seja a maior de minhas fraquezas, que são muitas aliás. Quem não as tem não é verdade? Minimizo sem perceber meu potencial, meus pensamentos ficam absortos em minha própria imagem e vontades. Impregno-me de fumaça, fumaça de certo, mas rarefeita. Sem perceber, ou melhor, sem me importar. A muito que já não me importo com muitas coisas, ou sei lá, tento não me importar.

Fumaça, no final das contas somos apenas isso, fumaça. Algumas vêm e nos asfixia, outras apenas passam de maneira que a vemos, mas não a sentimos. Têm aquelas que se impregnam na roupa, e ainda aquelas que se fixam na pele, nos cabelos, nos pulmões. Não é preciso enxergar, nem esperar, apenas chegam, ou melhor, chegamos, sem que ninguém precise nos esperar. É só fumaça. É normal que desviemos os olhos dos nossos objetivos às vezes. É normal. Mas tem fumaça que clareia o caminho. Sim têm. Engraçado falar sobre enxergar. As “maiores” coisas que vemos não nos são apresentadas pelos olhos. É preciso tempo, calma, investigação, paz. E é por isso que tem fumaça que fica. A fumaça mais densa, que nos invade e nem por isso nos faz tossir.

São olhos, mas não é com eles que enxergamos. Alguns dos personagens que mais me intrigaram acabaram cegos. A matriarca Úrsula de Cem anos de solidão, o Monsenhor Bem-Vindo de Os miseráveis. Ambos enxergavam mais do que todos nós. Absortos na escuridão do que é terreno e material, enxergavam o amor incondicional, o melhor caminho, e encontraram a paz. O que é a cegueira se não uma abertura para que se veja melhor.

Daí você me pergunta: “e que fumaça eu sou?”

Não sei, é preciso ter olhos para te enxergar?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sobre perder e ganhar

Aposta foram feitas, pingos definidos.
Difícil definir foi quem deu os blinds, sabe como é, em um jogo onde não se sabe quem dá as cartas, as jogadas são feitas meio no escuro. Alguns jogadores nem sempre cobrem a aposta, mesmo assim, permanecem no jogo, talvez na próxima rodada.
Era um jogo, como outro qualquer, ou não tão qualquer assim, mas isso não vem ao caso. Quatro jogadores, cartas na mesa, na manga, blefes, jogadas e apostas, várias apostas.
Com minhas cartas na mão, tinha uma trinca. Talvez fosse boa o bastante, mas não queria essas cartas, porque? Não me pergunte isso, ou a gente quer ou não. Achei melhor pedir Fold. Gosto de apostar, muitas vezes minha mão não é boa o bastante, as chances são poucas. Mas gosto do risco e até mesmo de perder. Tenho uma relação engraçada com o perder, ele me acompanha sempre, com o tempo aprendemos a lidar, talvez eu não saiba mesmo é lidar com a Vitória.
Ana também pediu fold. Ela só tinha um par. Mas também já não estava ligando muito pra esse jogo.
Novamente com as cartas na mão fiz o pingo, Joca também, mas Paulo fez o raise, Igualei, Joca caiu fora, Ana também não estava mais no jogo. Agora aquele jogo era meu e de Paulo. Eu o olhava, ele desviava o olhar, dava um trago e um gole. Ele sabe jogar, eu não.
Eu pensava em subir a aposta, mas sentia que ele ia desistir. Queria desafiá-lo, no fundo eu achava é que ia perder. O problema de Paulo, ou melhor, o seu trunfo, é que ninguém nunca sabe o que ele pensa, até mesmo quando ele aposta, ou perde, ninguém nunca saca sua jogada. No fundo acho que Paulo até quando perde ganha.
Apostei novamente, o river se abriu, era um Az de copas. Paulo me olhou, quase como se me beijasse e despediu-se.

Eu tinha um Four de Azes. Mas a verdade é que só queria um par.


Bom, não sei jogar Poker, nunca soube. Tentei aprender pra escrever o conto. Espero que tenha dado certo. =)