quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Andando em círculos

E agora 2011 finalmente acabou, só agora? Sim. Um ano pra mim não começa e termina nos dias 01 de janeiro e 31 de dezembro, o ano tem toda uma linearidade de sentimentos, de tarefas, de angústias e felicidades. E meu 2011 acabou agora. Só agora eu consegui resolver as pendências que faltavam, organizar o que eu quero e deixo de querer. Só agora dei o passo a frente.
Essa renovação que ocorre após os habituais 365 dias é uma convenção, útil. O sentimento de que as coisas caminham para frente, a repetição dos ciclos e tradições, traz um certo sentido, uma certa vontade de viver sempre melhor, diferente.
Independente do dia da semana, do mês ou do ano, todo dia é diferente. Inspire-se sim pelo novo ciclo, pela nova essência, pelos novos ares do novo ano. Mas a renovação não tem data pra acontecer.
Meu 2012 começa agora. E você, em que ano está?

terça-feira, 8 de março de 2011

E mais uma vez escolho estar sozinha.

E mais uma vez tenho certeza do meu bem estar. Sozinha só está, quem está de mais com os outros. Eu não, eu tenho todos longe, e aqui ao mesmo tempo.

Eu tenho a chuva na janela, o café no fogão, o livro ao lado da cama e os gatos no quarto ao lado.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Despertador

Sempre tive um sério problema em acordar cedo, dormir para mim é mais do que necessidade é prazer! Porém, a necessidade também nos leva a levantar bem mais cedo do que gostaríamos. Acordo todos os dias às 5:30 da manhã. O que me dá tempo o bastante para tomar banho, café da manhã e para pegar meu ônibus.
Também, todos os dias, logo quando o despertador toca escuto alguém varrendo a calçada lá na rua. Imagino ser um velinho, daqueles de cabeça branca, que dorme e acorda com as lembranças das galinhas, dos tempos em que meu bairro ainda se assemelhava com o interior, creio eu.
Nunca entendi a disposição e regularidade deste suposto velhinho, que eu nem conheço, varrer a calçada todos os dias.
Aliás, ficava indignada, por achar que ele poderia estar dormindo, como eu gostaria de estar, ao invés de varrendo.
Um dia essa pessoa parou de varrer todas as manhãs. Não escutei mais o som da palha tocando o cimento e as folhas. Perdi a presença, a regularidade. Já não senti mais a existência do meu velinho, tão doce, tão simpático. Senti como se ele tivesse morrido, entristeceu meus dias.
Inconscientemente, criei o personagem do velhinho, que dava-me forças para começar meu dia, nunca descobri, ou até mesmo nunca quis, saber de fato quem era.
Algumas semanas depois o som da vassoura retornou ao seu lugar. levantei da cama com a disposição de uma criança em dia de aniversário. Com um sorriso no rosto tive a certeza que tudo voltava a seu lugar. Que o meu velhinho continuava ali, no seu ritual, varrendo e vivendo, vivendo e varrendo. Corri para a porta para enfim ver quem era aquela pessoa tão interessante, que conseguiu me intrigar pelo simples som do varrer.
Não a vi. Mas o som da vassoura continua ali, todas as manhãs, as 5:30, me ajudando a despertar dos sonhos do sono.