domingo, 4 de julho de 2010

Proibido é resistir

Cris era redatora, gostava daquilo, nem sempre era possível escrever textos dos quais se orgulhasse, mas o prazer de brincar com as palavras a excitava de tal maneira que não se importava se escreveria para uma rede de açougues ou para uma campanha que exigisse muito dela literariamente. Ultimamente andava concentrada única e exclusivamente no trabalho. Sair da agência tarde era um hábito não só dela como de todos, porém ela o fazia com satisfação invejável. Era terça a noite, no fim de um job com outro para começar. Dessa vez nem todos continuaram por lá, só ela e um velho amigo, que prometera ajudá-la.
A muito não conversavam de fato, seria legal tê-lo por perto novamente. Ele era um cara diferente, não se importava muito com nada de mais. Era assim e era bem assim, tinha lá suas convicções, mas nada o assustava, não mais. Maroto, manso, porém extremamente sedutor. Isso intrigava Cris, apesar de não ser o tipo de cara que geralmente lhe arrancava suspiros, esse tinha um poder sobre ela, era interessante e inteligente de uma maneira que não tinha visto em outros homens. Estavam lá rindo dos velhos tempos. Cris mexia no cabelo, ele acariciava sua nuca enquanto começavam a trabalhar. Um encontro de mãos sem querer, um riso constrangido. Olharam-se e se despiram com os olhos, uma onda de desejo ultrapassou todo o corpo dela, e a recíproca era com toda certeza verdadeira. Tentou voltar às atenções ao briefing, leu novamente sem compreender uma linha, e pensou: “Malditos diabos que não fazem um briefing que prenda a atenção”. Porém, desta vez o problema não estava no trabalho. Ela já não sabia se ficava feliz ou triste por terem ficado até mais tarde na agência. Por fim tentou expor alguma idéia, mas já era tarde de mais. Estavam ambos em combustão.
Talvez por estarem no trabalho aquele beijo foi mais ardente do que poderia ter sido, se apertaram contra a parede em um beijo que relembrava os velhos tempos. Sim, eles já estiveram juntos antes, em um momento tão proibido e impulsivo como aquele. Não se sabe por que não ficaram novamente até então. Talvez precisassem de toda a adrenalina do proibido. Beijaram-se e despiram-se, mas não com olhar desta vez. Ele abriu sua blusa sem que ela sequer percebesse, deixando-a louca com os beijos no pescoço. Deslizou as mãos pelo corpo dela e a segurou com força, puxando-a para si e levando-a para a mesa. Em cima do briefing já esquecido ela tirou-lhe a camisa, gostava de sentir a pele e retribuiu os intensos beijos, mordidas, carícias. Na tensão certa, velocidade e intensidade na medida, arrancou-lhe o short e a meia a calça. E se reconheceram ali. Olhou em seus olhos como se pedisse mais e mais. Tudo assim sem pronunciar uma única palavra, Cris também sabia brincar com o silêncio e gemidos. O olhar cínico e confiante que ele tinha era o suficiente para dominá-la. Ele sabia do que ela gostava. Ele era assim, fazia tudo na medida certa para fazê-la perder os limites.

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