segunda-feira, 8 de março de 2010

O Amor depois do fim

As lembranças ainda atormentavam Nicole, o quarto a lembrava dos tempos em que só chorava ou os que ainda sonhava, algumas músicas retratavam exatamente aquilo que ela sentira e que talvez ainda sentia, um cheiro levava-a de novo a história.

Beto ainda estava presente. Por mais que ela o mandasse ir embora, ele teimava em ficar. Lembravam juntos de momentos bons, e ela ainda brigava e discutia com ele sobre um fim sem adeus. Um tormento com o qual ela aprendia a viver; só balançava novamente quando via Roberto, o de carne e osso, não a lembrança do seu Beto.

Sozinha em seu mundo, sempre sonhadora, Nicole superava o que foi mesmo sem saber dos porquês. Seu Beto, sempre presente, lhe dizia que continuaria ali, fazendo cafunés no cabelo quando as lágrimas não suportavam as lembranças, e fazendo-a sentir-se linda como sempre o fizera. Lembravam-se das surpresas de um aniversário, de vários shows. De tudo que foi e que não é mais. Lembrava-se de quando eram Nic e Beto. Algumas pessoas ainda perguntam:

- E o Beto como está?

E ela responde com um meio sorriso: - Não sei a Nic e o Beto não existem mais.

E ela não mente, os dois mudaram; O Beto da Nic é só da Nic. É o Beto que a fazia rir, que lhe tirava o sono e o fôlego, era com quem ela fazia planos, com quem inventava bebidas estranhas, com quem tomava aquele porre e que via os jogos do time do coração, era ele que lhe enganava, chamando-a para tomar uma dose de cachaça e só fingia que bebia, deixando-a beber sem ver; e depois riam disso. Este Beto só existiu para a Nic, se é que existiu de fato; talvez fosse apenas uma fantasia de Nicole em cima de quem Roberto realmente é. Até por que no fim, Nicole já não reconhecia Roberto como seu Beto. Talvez por isso não ouve adeus. Porque o Beto ainda era só dela. O Roberto era a presença real.

Nicole andava pelo supermercado, tinha ido comprar ração para os gatos e sorvete de limão para ela, já na fila para pagar vê Roberto no caixa eletrônico. Os dois se cumprimentam, a tentativa de parecer que estava tudo bem, um sorrisinho amarelo aqui e ali...

- Oi Nic! Tudo jóia?

-Oi, Tudo bem e com você?

-Bom também... E tem visto fulano? - Yada, yada, yada; e Nic só pensava no adeus que não foi. Beto continuou: - Então tchau, a gente se vê. – Beijinho no rosto e ele vai saindo.

Nicole ficou ali inquieta, pensamentos a mil, tremeu, viu de novo o seu Beto. E não agüentou, gritou: - Beto! – Ele parou a olhou, voltou; ela com um ar de lembrança, de um jeito que Beto nunca a vira, aproximou-se dele, colocou a mão na nuca de Beto e o beijou. Um beijo que recordou tudo aquilo que foi. No fim Nic já estava com lágrimas nos olhos. Beto ia falar alguma coisa quando ela lhe tampou a boca e com um sorrisinho nos lábios molhados de lágrima disse:

- Só nos faltava esse adeus.

5 comentários:

  1. Não sabia que você também escrevia contos.
    Me surpreendeu, gostei de como vc diferenciou as pessoas de "Beto e Roberto" e fez da lembrança como uma pessoa.

    Parabéns!

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  2. Acho que você errou o nome da protagonista. Não era Deka/Deborah não?

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  3. hahaha iii Deka, essa personagem tem é vários nomes, desde Nic, Isa e também podemos adotar o Deka! =P

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  4. Este post é uma boa suspeita do motivo do título deste blog ser "Individualista ao Extremo".
    Eu gostei, mas prefiro finais felizes.

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  5. Mas quem disse que não foi feliz este final?! =P
    Todo fim tem um depois. E com certeza o que vem depois do fim me interessa e me instiga muito mais. =)
    hahaha Mas obrigada. :D

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